terça-feira, novembro 12, 2013

12 Novembro 2013

Publicada por Um Dia à Vez

Ter reencontrado o Pierre foi, sem dúvida, das melhores coisas que me podia ter acontecido!

Ontem, após termos chegado ao seu apartamento, disponibilizou-me tudo o que precisava para poder tomar banho e trocar de roupa. Devido à sua pesquisa, não se dava ao luxo da higiene pessoal fazia já alguns dias (“com o intuito de passar mais desapercebido na comunidade em que me acabo de inserir”, dizia ele) pelo que, enquanto eu me arranjava, ele foi preparar algo para jantarmos. Não sei quanto tempo me demorei debaixo daquela corrente quente, mas quando sai senti-me muito mais leve, como se grande parte dos meus problemas tivesse sido levada pela água.

Quando finalmente voltei à cozinha já um cheiro mais que agradável flutuava no ar, o que me fez recordar o porquê de aquele sem abrigo ser conhecido como “Le Chef” , nos tempos de universidade. Durante a refeição começamos por falar de trivialidades, passando depois para o novo projeto de investigação de Pierre e, pela altura do café, já eu lhe tinha contado tudo o que me tinha acontecido nestes últimos dias. Poder partilhar tudo isto com alguém, principalmente alguém em quem eu tanto confio, foi muito reconfortante e, quando Pierre se levantou e anunciou que iria fazer uma pausa na sua investigação para me ajudar a descobrir o que se estava a passar, o apoio e segurança que senti foram indescritíveis!

Apesar de o apartamento não ser muito grande ele insistiu para que eu ficasse com ele. Pegou numa serie de cobertores e numa almofada e fez uma cama improvisada no sofá da sala. Mesmo tendo de dormir num espaço tão confinado, foi a noite mais calma e confortável que tive nos últimos tempos.

Hoje de manhã, quando acordei, o vagabundo que me tinha acolhido em sua casa na noite anterior já se tinha transfigurado e tornado no meu antigo colega de universidade (é impressionante como os anos não passam para algumas pessoas…). Sentei-me à mesa para tomarmos juntos o pequeno-almoço.

– Ontem à noite fiquei a pensar, o assassino não deixou ficar nenhum tipo mensagem ou símbolo para trás?

– Sim, deixou - respondi eu, lembrando-me do bilhete deixado no corpo da rececionista - um pedaço de papel que dizia “A minha vida pela tua, uma vez mais”.

– Tem-lo contigo? - perguntou-me ele com os olhos a espelhar um misto de curiosidade e medo.

– Não. Fiquei tão horrorizado ao ver o que estava escrito que o meu primeiro instinto foi larga-lo e sair dali para fora…

– Temos de voltar para o recuperar. O assassino pode ter-se descuidado e ter deixado alguma impressão digital. Sei que é um tiro no escuro, mas temos de tentar.

– E como é que pensas descobrir isso?

– Conheço alguém que pode ser capaz de nos ajudar.
Saímos de casa, entramos no carro e dirigimo-nos ao hotel onde eu tinha ficado hospedado. Mas chegamos tarde demais. À porta do hotel estavam já três carros da polícia. Com medo de ser visto ou reconhecido, dei meia volta e afastei-me o mais possível do local.




Elisa Duarte

Porto 

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