17 Novembro 2013
Publicada por Um Dia à Vez
Passei a maior parte da manhã na
cama do meu quarto, pensativo e distante do presente. Como se ver crimes
horríveis que brotavam à minha volta não fosse já mau o suficiente, agora foi
como se toda a situação subisse um novo degrau na sua gravidade. Ontem tentaram
matar-me.
Mas será que tentaram mesmo?
Passei horas simplesmente sentado na cama, a abrir e a fechar a curiosa
caixinha que continha terra e algumas pedras escuras. Não sei como, não sei não
porquê, mas posso jurar que a caixa está de algum modo relacionada com toda
esta história.
Esforçando-me por voltar à minha
linha de raciocínio, fechei a caixa e fitei o tecto, procurando concentrar-me.
Se me quisessem morto tinham trancado tanto a porta como a janela. O que se
passou foi uma mensagem dirigida à minha pessoa, é a única hipótese… ou pelo
menos a que faz mais sentido. De todas as portas que podiam estar abertas
naquele corredor infernal e tomado pelas chamas, foi a minha. A porta do quarto
onde eu estivera, e onde apareceu também o corpo da rapariga da recepção. Assim
como a janela.
No momento em que sai da cama,
tinha já decidido que se tratou de uma maquinação para me dar um aviso.
Provavelmente algo como “não procures demasiado, senão…”
Foi a voz de Pierre que voltou a
trazer-me à realidade, quando eu já a tinha perdido uma vez mais durante o
almoço.
- Francisco…?
- Hum, sim? – retorqui,
sobressaltado.
- Estava a dizer-te que o hotel
foi incendiado.
O momento de fazer poker face, não deixar que as minhas
feições me traíssem.
- Oh! A sério?
Não sei se o meu tom foi
exagerado ou demasiado falso, mas não gostei do modo de como Pierre me estudou
durante alguns segundos. Será que ele sabia de alguma coisa?
Ou pior, pensei bastantes horas
depois quando o dia já findava: será que ele estava no hotel quando o incêndio
deflagrou?
Pedro
Freitas
Leiria
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