13 Novembro 2013
Publicada por Um Dia à Vez
Paranóia! A palavra paranóia, está a ganhar
poder dentro de mim, apoderando-se dos meus sentidos, dos meus pensamentos, a
cada segundo. Começo a duvidar de mim, do Pierre, da empregada de limpeza do
prédio do Pierre, até do jovem estudante que sai todos os dias com um par de
livros debaixo do braço. De toda a gente! Mas é de mim que tenho mais medo...
Terei um outro eu, um lado mau e maquiavélico, com uma vontade própria e
incontrolável. Ou é algo mais complexo que isto?
A expressão "a única pessoa que confio é
em mim próprio" por um lado cada vez faz mais sentido, por outro lado,
será que posso confiar realmente em mim?
Vou voltar um pouco atrás, talvez escrever me
ajude a encontrar respostas, respostas essas que preciso desesperadamente...
Hoje após reflectir e discutir com o Pierre
bastante sobre o assunto, Pierre disponibilizou-se para ir ao hotel sozinho. Pediu-me que esperasse num café lá perto.
Voltou passado cerca de 30 minutos (que a mim
me pareceram 30 horas) com uma cara que não deixava transparecer qualquer
emoção ou sequer adivinhar qualquer pensamento.
Disse-me apenas que a polícia tinha o quarto
sobre investigação, e que ninguém poderia pernoitar ou sequer entrar no quarto
que serviu para o crime da jovem recepcionista...
Fomos de seguida conhecer a tal pessoa que ele
achava que nos podia ajudar. Um amigo dele, André, que segundo ele, tem poderes
de adivinhação. Nunca acreditei muito em "bruxarias" mas sem outras
alternativas, decidi manter-me com um espírito aberto, até porque eu preciso de
perceber o que se passa... Senão dou em doido...
Foi-me difícil descrever o pesadelo que assolou
a minha vida, mas André pediu-me que fosse o mais pormenorizado possível para
que me pudesse ajudar. Relatei os acontecimentos, ponto por ponto, até à parte
em que falei nas minhas próprias mãos com sangue. Ele nesse momento pediu-me
para parar. Levantou-se e disse que não tinha nada que nos pudesse ajudar... Eu
insisti que apenas tinha contado a morte de Mariana e de Bruce e que havia
mais, mas ele pediu a Pierre para nos irmos embora... Será que desconfia de
mim? Será que tem motivos para isso?
Em desespero gritei: "Diga-me tudo o que
sabe!", ao qual ele virou costas, não respondeu, e saiu da sala deixando a
porta da rua aberta. A mensagem era bem clara... Vão-se embora.
Pierre saiu com a mesma expressão inexpressiva.
Perguntei-lhe o que achava, ao que apenas encolheu os ombros. Não era de todo a
reacção que esperava. Não insisti.
Chegando a casa de Pierre, fui tomar um duche (penso que foi a única coisa que gostei hoje).
Ao sair do duche encontrei Pierre a falar ao
telefone no quarto com, o que me pareceu ser André, até pelo conteúdo da
conversa...
Embora nunca tivesse feito isto, decidi ficar à
escuta. Estava desesperado... Cada vez mais desconfiava de mim.
As palavras que ouvi foram as seguintes, ainda
que sobre a forma de frases soltas:
"Sim, o plano está a resultar na
perfeição."
"Começo a sentir algum receio."
"Adorei o acting."
"O gato era escusado, mas realmente há
pessoas doentias. Assim
foi mais dramático."
"A polícia tem-no como principal
suspeito."
"Está descansado que ele confia em mim e
eu vou mantê-lo por perto."
"Só irá descobrir quando for tarde de
mais."
"Vai contar com a nossa ajuda."
...
Em quem posso confiar afinal? Será que fui eu
que fiz tudo isto, ou será que estão apenas a querer que eu acredite nisso?
Ajuda, no bom ou no mau sentido? Sinto-me tão perdido!..
Filipe Correia
Lagos
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