22 Novembro 2013
Publicada por Um Dia à Vez
Durante o dia de hoje passei a
maior parte da manhã a tentar decidir se devia entrar ou não na gruta que havia
descoberto. Por um lado, a expectativa de me aventurar a penetrar no interior
do desconhecido era aliciante. Desde criança que a descoberta do desconhecido
me fascinara. Por outro lado, seria indubitavelmente um risco. E havia um outro
pormenor. Admito que pudesse ser apenas a minha imaginação, mas o modo de como
a folhagem escondia a entrada da gruta sugeria que esta tinha sido camuflada
por mãos humanas.
Depois de mais algumas voltas em
redor do espaço, decidi-me a afastar os ramos mais uma vez. Depois enfiei a
cabeça dentro da gruta e gritei para verificar a intensidade com que o meu eco
me respondia. A sua resposta indicou-me que embora a sua entrada fosse
relativamente estreita, o seu interior parecia ser bastante largo e espaçoso.
Finalmente resolvi arriscar.
Provavelmente o últimos dias tornaram-me mais impetuoso, pois se a minha vida
não estivesse virada do avesso duvido que tentasse esta proeza. Retirei o meu
telemóvel do bolso e liguei o “modo lanterna”, não antes de verificar que a
bateria do mesmo se encontrava já tristemente gasta. Provavelmente não
aguentaria atá ao final do dia.
O meu principal receio residia na
possibilidade de existir alguma forma de vida no interior da gruta, fosse ela
humana ou não. Não seria de todo agradável ver algo a atacar-me repentinamente.
Por essa razão avancei aos poucos com a pedra mais pontiaguda que encontrei
numa mão e com o telemóvel na outra, a servir-me de fonte de iluminação.
A gruta desenhava um corredor
estrangulado e labiríntico. No entanto, notava que o espaço parecia alargar-se
progressivamente à medida que ia dando os meus passos. E não me enganei, pois
fui obrigado a estancar os movimentos abruptamente. A luz do meu telemóvel
deixar de ser suficiente para eu conseguir vislumbrar as paredes do corredor.
Sem coragem para avançar às cegas
mas fortemente atraído por esta estranha gruta, admiti a minha derrota
temporária e voltei para trás. Iria procurar mais alguns frutos para matar a
fome e manter-me-ia escondido nesta zona. Voltei para o carro, onde irei
pernoitar, mas com uma certeza. Voltarei amanhã à gruta com algo que me alumie
o caminho com clareza. Quero desvendar o que a estranha gruta me esconde.
Luís
Alves
Guarda
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