21 Dezembro 2013
Publicada por Um Dia à Vez
Acordei, com o ânimo costumeiro dos últimos dias… nenhum.
Cada dia me pesa mais que o anterior. Olhei para o espelho e rapidamente me
lembrei de Berg e Greb, os dois anões que conheci ontem. Os dois anões que
habitam no espelho, e cuja existência o meu cérebro começa a aceitar.
Coloquei-me em frente ao espelho e de novo recitei o número de telefone. Poucos segundos tardaram para que Berg e Greb, aparecessem lá ao fundo. Desta vez, porém, avançaram cautelosos, temendo a minha reacção e em passos subtis chegaram até perto de mim.
-Chamou-nos de novo. Sente-se mais calmo.
Limitei-me a responder com um aceno afirmativo, tentando manter-me tranquilo no ténue equilíbrio entre a loucura e o temor.
- Bom, então vamos ajudá-lo!
Fitei expectante os dois anões gordos, sem saber o que esperar ou fazer.
-Feche os olhos e pense com muita força em pinguins!
Confuso e estupefacto, permaneci em pé, de olhos abertos, a fitar os anões.
Berg, ficando impaciente, exclamou:
- Vá, vai ter de confiar em nós, feche os olhos e pense em pinguins.
Por um impulso inexplicável, decidi aceder ao pedido do
anão. Fechei os olhos e comecei a pensar num pinguim, a caminhar de forma
tosca… Deixei-me ficar nisto algum tempo. Quando voltei a abrir os olhos,
reparei chocado, que estava um pinguim parado mesmo ao lado. Os anões riam-se e
o pinguim também. Berg apressou-se a explicar:
-Pronto confesso que esta foi só para chamar o nosso amigo Rui, já não o víamos há uns tempos e nós não o podemos invocar.
O pinguim endireitou-se e estendendo-me a pata disse:
-Sou o Rui, muito prazer.
Apertei a pata ao pinguim, já nada me parece ilógico.
Berg, recomeçou a falar:
-Bom, agora vamos fazer isto a sério, feche os olhos, e pense em voar…
Fechei os olhos e imaginei-me a voar, enquanto imaginava ouvi Berg:
-Agora imagine uma explosão…
Imaginei a explosão e de repente ouvi um estrondo. Abri os olhos e todo o edifício tinha explodido e eu estava a voar, com Berg, Greb e Rui. Berg fitou-me e gritou:
-Você está livre! Livre!
Nesse instante ambos os anões começaram a rir e a comemorar, o pinguim juntou-se a eles, e eu acabei por me juntar também. Foi entre gargalhadas que percebi, estou livre, estou mesmo livre.
Rui Pedroso,
Minho
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