domingo, dezembro 22, 2013

22 Dezembro 2013

Publicada por Um Dia à Vez

Permaneço sem saber se estou a sonhar ou se estou acordado. Ou mesmo se estou a sonhar acordado. Várias vezes dei por mim durante o dia de hoje a pensar se não estaria ainda no interior da minha cela, com um fio de baba a escorrer pelo queixo e com um médico a observar o meu estado. Tendo em conta que neste momento escrevo debaixo de uma árvore, banhado por raios de Sol quentes em pleno Dezembro, e que me faço acompanhar por dois anões e um pinguim falante… Não é muito difícil imaginar-me totalmente catatónico na prisão.

Depois de pensar sobre isso, decidi abordar Berg:

- Isto é real? Ou estou a sonhar?

Berg riu-se na sua tosse rouca e fez uma breve pausa, como se pensasse profundamente no que ia dizer.  

- Qual é que é a diferença?

Fiquei mudo.

- Qual é, neste momento em particular da tua vida, a diferença entre estares a falar com o Pierre, com um guarda da prisão, comigo ou com o Rui?

Desta vez sorri.

- Ora, vá lá Berg… Faz toda a diferença!

- Porquê?

- Porque é preciso saber o que é real!

- Estamos a falar, não estamos?

Cheguei à conclusão de que poderia ser frustrante falar com este grupo improvável do qual eu agora fazia parte. Decidi não insistir muito mais sobre o tema, mas não resisti a fazer uma última pergunta.

- Berg? – chamei ainda.

- Sim, Francisco?

- Se isto for real… Onde é que estamos?

- Numa floresta situada no primeiro terraço da Terra.

- Ah, certo…

Tinha cada vez uma maior certeza de que era maluco. Não estava a ficar demente. Perdera já a pouco sanidade que alguma vez possuí. E se assim era, mais valia encolher os ombros e absorver o que o meu cérebro queria transmitir-me.

Muito bem. Vou agora fechar o diário e descansar. Amanhã irei com os meus novos amigos procurar as escadas que dão para o segundo terraço da Terra. Precisamos de subir até ao quinto terraço para chegar ao mundo de Berg, Greb e Rui.


Teresa Silva, 
Portimão

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