quinta-feira, novembro 28, 2013

28 Novembro 2013

Publicada por Um Dia à Vez

Às vezes pergunto-me se os últimos dias não vieram de algum a limitar a minha capacidade intelectual. Como é que é possível ter vindo a cometer um erro tão infantil?

Decidi ontem voltar a casa e delinear um cuidadoso plano que trouxesse alguma justiça a Mariana. Decidi afastar-me da gruta que tanto persuadia o meu espírito a penetrar nos seus sombrios mistérios. Decidi ignorar esse chamamento para enfrentar uma realidade muito mais dura e, possivelmente, perigosa.

Bastou portanto um dia para que a justiça me batesse à porta de casa e me levasse para a esquadra para um interrogatório. Até eles devem ter ficado confusos, quando me viram enrolado no cobertor e com uma chávena de café na mão ao abrir a porta.

Deram-me tempo para me vestir, e seguimos no carro deles para uma divisão algures em Lisboa.

O interrogatório em sim correu mais ou menos como aqueles que vemos nos filmes americanos. Repetiram imensas perguntas para se certificarem de que não existiam contradições nas minhas narrativas, do mesmo modo que lançaram várias questões que do meu ponto de vista não tinham qualquer tipo de relevância.

Contudo, o que mais me surpreendeu foi o facto de não me tentar esquivar a uma possível autoincriminação. Na verdade, o que a minha mente mais queria neste momento era saber se teria sido mesmo eu a matar Mariana. E nada como provas forenses para me responder a essa questão.

Assim sendo, ara além de responder com a mais absoluta verdade ao que me era perguntado, prestei-me a realizar todos os testes que me foram pedidos. Como é mais que certo, estou também preso preventivamente. Um guarda simpático deu-me uma folha e um lápis, pelo que me é possível escrever estas linhas enquanto espero que desliguem as luzes.

Algo me diz que amanhã saberei quem matou Mariana. Ou, desejo eu, quem não matou.



Bruno Dias
Lisboa

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